Imagem capa - Quantas fotografias haverão sido perdidas no futuro? por Charline Caldas Fotografia

Quantas fotografias haverão sido perdidas no futuro?

Minha avó paterna faleceu no início do ano e domingo fui com meu pai e algumas tias na casa dela. Fizeram um café da tarde e olharam mais algumas coisas que estão na casa. Nas gavetas dela haviam várias fotos antigas, várias mesmo. Eu revi elas umas 3 vezes, havia fotos incríveis e de uma qualidade surpreendente. Todas em preto e branco e algumas já até haviam sido restauradas.


Ao lado direito são meus avós paternos com alguns de seus filhos em seus pés.


Minha tia reconheceu  que algumas foram tiradas em torno de 1950 e outras poderiam ser ainda mais antigas. E eu fiquei como? Extasiada e nostálgica, então hoje resolvi pegar algumas das nossas fotografias em casa, há inúmeras fotos da minha infância e do início da minha adolescência, mas sabe o que eu percebi? Temos mais fotos antigas do que recentes reveladas. Nossa geração não terá todas essas lembranças para rever e apreciar no futuro.

O quanto era caro e difícil para se conseguir ter uma foto ou comprar uma câmera, ainda mais na época dos nossos pais e avós, e mesmo assim todos se esforçavam para tê-las e as guardavam com cuidado. Já hoje, que todos tem celulares e fotografam o tempo todo, as fotos se perdem, pois quase ninguém as revela e os aparelhos sempre se quebram em algum momento os fazendo perder as fotos que estavam na memória.

Meu pai sempre amou fotografar e depois de um tempo percebi que foi isso que me fez amar fotografia também. Assim que pôde, ele comprou uma câmera fotográfica e sempre havia filmes novos em casa e toda vez que um estava cheio, ele logo levava para revelar. Qualquer ocasião era motivo para se tirar uma foto e temos muitas lembranças lindas em casa por causa disso. E hoje percebi que a missão de eternizar os momentos em minha família passou dele para mim, e eu sendo fotógrafa, tenho fotografado muito pouco minha própria família, vê se pode?


Aniversário do meu irmão, que é este garotinho de camiseta azul. Meu pai é esse rapaz do lado olhando para ele e eu logo abaixo dos dois, toda sorridente e olhando para a câmera. Em volta estão nossos primos e primas.


Pois é, eu quis compartilhar esses pensamentos com vocês para incentivá-los a revelar todos esses arquivos que tem guardados em celular ou até mesmo em nuvens. Os aniversários, viagens, churrascos e momentos aleatórios com as pessoas que lhes são importantes. Revelem todas, coloquem os nomes das pessoas e a data atrás delas, monte um álbum. Lá na frente você vai me agradecer por ter lhe dito isso e você terá uma infinidade de momentos para relembrar e a chance de rever pessoas que talvez não estejam mais o seu lado. Eu mesma não conheci meu avô paterno Geraldo, ele faleceu 2 dias depois que eu nasci e foi através da fotografia que pude vê-lo e reconhecer todos os traços que passaram dele para meu pai.

Ao pensar nisso meu coração doeu, pois a vida é breve e lá na frente as lembranças são tudo o que nos restará do hoje e de algumas pessoas. Então não podemos desperdiçar nenhuma delas, de maneira alguma.


Família reunida na casa da minha avó paterna Josephina para o aniversário do meu primo João Paulo.




Essa é a minha avó materna Conceição, tirei essa foto em uma missa no ano passado e adivinhe só? Não revelei ela ainda, mas será umas das primeiras coisas que vou fazer quando o isolamento social acabar <3